ECONOMIA

       "A Alemanha é um perigo para a Europa"

A Alemanha a chamada locomotiva da Europa, está a ser alvo de críticas pela sua visão egocêntrica e de que a Europa tem sido vítima em vários e distintos momentos desde 1914, com destruições e reconstruções, que delapidaram recursos europeus inestimáveis e que fizeram dos países periféricos as maiores vítimas . O esforço alemão pela reconstrução da Europa tem também de ser salientado, mas a espaços, a maior potência europeia assume políticas que entricheiram os seus parceiros, numa lógica hegemónica, com a arma mais poderosa do mundo actual: A Economia.
Trata-se do comando político sobre os mais pobres, sem o encargo de os incluir no orçamento alemão. Pese o seu contributo para o orçamento comunitário, a política alemã condiciona, como se de uma instância superior se tratasse, a política dos governos europeus menos abastados, definindo as orientações dos Estados da EU.
Mais uma vez os germânicos olhando para o umbigo, impõem internamente um conjunto de medidas de austeridade, que não afecta os seus cidadãos da mesma forma que os programas de austeridade dos seus parceiros com menos recursos, afecta os seus nacionais. Trata-se de medidas para dar o exemplo, para que os mais pobres e com menor poder político na EU, sejam confrontados a implementar.
A contracção alemã e o seu programa de austeridade, foi motivo para as reflexões que a seguir se descrevem, quer de Soros, quer de Krugman.
 Pela envergadura das mesmas, o JRW, dá a conhecer aos leitores o seu conteúdo.

"Em causa está a decisão da Alemanha de avançar com um pacote de medidas de austeridade de 80 mil milhões de euros, que foi prontamente criticado pelo Governo francês e pela Administração norte-americana, segundo os quais, dado o relativo baixo nível de endividamento, caberia à economia alemã puxar pela europeia e aumentar a sua procura interna, numa altura em que muitos dos seus parceiros estão a ser forçados pelos mercados internacionais a cortar a fundo nos défices.
Não o fazendo, é a retoma da Europa que estará em perigo, dando mais probabilidade a um cenário de regresso da recessão, alegam Paris e Washington."
“Neste momento, os alemães estão a arrastar os seus vizinhos para a deflação, que conduzirá a um longo período de estagnação. E essa circunstância é favorável aos nacionalismos, à agitação social e à xenofobia. É a própria democracia que pode estar em risco”-Soros.
"A Alemanha está globalmente isolada. Porque não deixam os salários subir? Isso ajudaria outras economias da União Europeia a recuperar”
A orientação política alemã está a ser crescentemente contestada – dentro e sobretudo fora da Europa. Em véspera da cimeira do G20 deste fim-de-semana, em Toronto, Barack Obama pediu a Angela Merkel para que não ponha o “travão cedo demais” – sugestão rejeitada em Berlim, que lembrou estar a fazer a retirada progressiva dos estímulos introduzidos durante a fase mais aguda da recessão, em linha com as orientações fixadas pelo próprio G20.
Mais mordaz foi o Nobel da Economia Paul Krugman. "O mundo não precisa de menos, mas sim de mais programas de apoio à conjuntura, e a política de estabilidade alemã actualmente é o caminho errado", advertiu o economista norte americano. "Só quando a armadilha da depressão estiver afastada é que os governos devem ocupar-se dos défices", disse, sublinhando que "a deflação é um perigo muito maior do que a inflação".
O professor da Universidade de Princeton adverte inclusive para o cenário de uma guerra comercial entre EUA e Europa. "Se o euro passar a ter paridade com o dólar, os europeus vão ficar admirados com a s exigências que o Congresso dos EUA fará, e eu apoiarei", vaticinou. "Não permitiremos que alguns países exportem a sua política de austeridade e façam aumentar o desemprego nos Estados Unidos", alertou ainda Krugman."

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