ECONOMIA ALIMENTAR

                
                          Do jardim para o prato


As flores comestíveis estão na moda, mas é melhor conhecê-las antes de as trincar. Eis cinco a não perder.
Saborear pétalas de rosa, comer um amor-perfeito ou trincar uma orquídea pode parecer estranho, mas as flores regressaram aos pratos. Já na Antiguidade e na Idade Média se traziam flores do jardim para a mesa. Hoje, estão disponíveis em alguns hipermercados, na prateleira junto aos legumes frescos
Entre as flores mais utilizadas na cozinha estão a flor de alecrim, de salva, de laranjeira, de courgette, de capuchinha (ou chagas), as rosas, a borragem, os amores-perfeitos e as orquídeas. Consoante o prato, podem ser servidas as flores inteiras ou apenas as pétalas.

A notícia do Expresso pela novidade, ainda que relativa, estimulou o JRW a sondar o mercado do produto, de forma a avaliar como evolui, perante a alteração dos padrões alimentares.

Abordamos D. Luisa Malafaia, responsável pela florista POSTIGO DAS TAIPAS, que nos deu a sua opinião.



P- D. Luísa, pelo que nos é dado ver, a loja parece um minimercado
R- É verdade, o mix do n/ cliente mudou. Antes tínhamos pessoas que vinham comprar bouquets para oferecer a noivas, namoradas e outras ocasiões. Palmas para funerais, também constituíam parte substancial do negócio.
P- E agora, qual é a mudança?
R- Alterou-se por completo, agora os clientes vêm comprar as flores, para as comer, até pode ser que enfeitam a casa nos 2 primeiros dias, mas depois comem-nas. Temos senhoras que nos dizem, que põem as rosas nas jarras durante o fim de semana, mas na 2ª feira, fazem um belíssimo consumé de rosas seguido de fricassé de bacalhau rosado. Dizem que é óptimo e corta o cheiro desagradável do bacalhau.
P- Pelo que vemos, ali tem um snack bar...
R- Exactamente servimos refeições e lanches frugais. Temos praticamente toda a gama de flores para snacks, até inclusive francesinhas de hortênsias, que é uma especialidade nossa muito apreciada. Por exemplo hoje ao almoço, o prato foi caldeirada de celósias, cravinas e frésias. A sobremesa foi tarte de margaridas.
Ao pequeno almoço, que servimos até às 10, normalmente temos sumo de narciso, com torradinhas barradas com manteiga de rosa amarela.
É evidente que também temos pratos a la carte, saliento a nossa açorda de tulipas, bem como as cerejeiras com molho picante, acompanhadas por uns crisântemos ligeiramente braseados.
P- O objecto do negócio mudou completamente...
R- Não, o objecto mantém-se, só que antes era para ornamentar, agora as flores servem para ornar e comer. Temos um serviço de take-away com muito sucesso, pois muitas donas de casa, após o dia de trabalho, não estão dispostas para cozinhar. Temos embalagens familiares com refeições confeccionadas e prontas a comer muito variadas: rojões com cravos; frango com cravos e flores de cenoura, angélicas à braz; astromeias à Gomes de Sá, etc.
P- E a venda de palmas e flores ornamentais?
R- Decaiu muito, nós aqui só trabalhamos com flores da melhor qualidade e de produtores referenciados. Como sabe este negócio é susceptível de comportamentos menos escrupulosos, temos tido tentativas de nos venderem flores que já estiveram em cemitérios e em eventos, que nos pretendem vender com grandes reduções de preço, pois são flores recondicionadas, para aproveitamento culinário. Recusamos terminantemente e até informamos as autoridades sanitárias. Aqui os produtos passam por um rigoroso controlo de qualidade e só aceitamos flores nos vasos ou em canteiro móvel.
P- D. Luísa Malafaia, o custo das refeições é acessível?
R- Há para todas as bolsas, é evidente que uma açorda de tulipas, ou orquídeas estufadas em molho de vinho branco, têm um custo mais elevado e a refeição neste caso, pode chegar a 75 euros 2 pax. No entanto rosas com gambas, ou cravos flamejantes com erva doce, são pratos mais acessíveis e um casal pode fazer um jantar por 45 euros, sem vinho como é evidente.
P- Projectos para o futuro...
R- Estamos a elaborar um estudo para abertura de um RESTFLOWER POSTIGO DAS TAIPAS, nas docas em Lisboa e um perto do Parque da Cidade no Porto, pretendemos envolvências de acordo com o nosso objecto social, portanto bem ajardinadas, para que as pessoas sejam estimuladas a uma boa refeição floral.



O JRW leva até aos leitores esta opinião de uma conhecida florista portuguesa, que antecipou novas oportunidades para um produto que se julgava destinado a um fim diferente, do que os tempos actuais lhe atribuíram.

1 comentário:

  1. Será possivel escrever um artigo sobre a economia da Europa?Mercados , manipulação e especulação ..

    Nâo pela visão dos jornais ou noticias , mas pela sua Pròpria visâo pessoal .

    Penso que daria um excelente POST .

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