P-A comunicação social tem vindo a noticiar que vai para Paris estudar filosofia?
S- A minha vida é do meu foro pessoal, mas para não estar a alimentar mais especulações, confirmo no JULIUS que é verdade. O meu nome, passe a imodéstia, tem vindo a ser propalado em todo o mundo, é o momento de dar continuidade...
P- Refere-se à publicidade com a bancarrota e a derrota nas eleições ?
S- Nada disso. Isso é passado, aliás que muito me honra e que não deve envergonhar ninguém, seja de que religião, partido ou clube for. Nós não fomos à bancarrota, a bancarrota é que veio até nós, o que é muito diferente. Nós somos um país com uma grande História e era inconcebível que nós fossemos à bancarrota, aliás proibi todo o governo de se deslocar onde quer que fosse. A bancarrota teria de vir cá e assim foi. Foi uma vitória da nossa diplomacia, de que muito me orgulho. Os gregos, os islandeses e os irlandeses foram à bancarrota, Portugal não, a bancarrota veio cá. Nos últimos anos somos uma voz escutada em todo o mundo.
P- Mas os credores têm dúvidas...
S- Ora aí está a razão de eu ir para Paris estudar filosofia. A dúvida e a procura da verdade. O meu antepassado ateniense com o meu nome, deixou pistas que pretendo explorar. Como sabe uma célebre frase dele “ a sabedoria é limitada à minha própria ignorância”, ou por outro lado “só sei que nada sei”, envolve matéria que pretendo estudar com afinco.
P- Mas no seu percurso político, teve momentos em que pensou assim?
S- Talvez, não nego. A derrota das últimas eleições foi um momento desses. Só soube que nada sabia de sondagens no fim, perante os resultados..
P- Porque não pediu auxílio mais cedo?
S- O meu antepassado Sócrates, o grego, acreditava que as ideias pertenciam a um mundo que somente os sábios conseguiam entender. Houve alguns sábios que entenderam a minha ideia, mas depois abandonaram-me e fiquei só...
P- Até o ministro das finanças o abandonou...
S- Quem é esse?
P- O PECIV foi uma manobra de dilação...
S- Nada disso, foi a aplicação do método socrático à crise financeira, com a formulação de um conjunto de medidas que levassem os mercados a um processo de reflexão.
P- Não resultou...
S- Pergunte a esses sofistas ambiciosos porquê.
P- Para terminar, vai para um período sabático e depois voltar?
S- O futuro é isso mesmo, uma interrogação, mas vos garanto que não serei como D. Sebastião. Regressarei não numa triste e leda madrugada, antes numa manhã solarenga, virei de sud-expresso ou de TGV, para salvar o que restar de Portugal.
José Sócrates termina assim a entrevista ao JULIUS, que apesar o ter criticado em muitas ocasiões, lhe prestou homenagem à sua combatividade e obstinação.
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