CEO

                                 O CEO DA PORTUGAL, SA
Os governos em democracia são conselhos de administração de sociedades anónimas, eleitos por 4 anos pela assembleia geral de accionistas. No seu conjunto, os pequenos accionistas que são a esmagadora maioria, não têm capacidade de aceder à gestão da empresa, tal  está nas mãos de um grupo restrito: os partidos do poder.
No caso específico de Portugal pós 25 de Abril, a Administração do país foi sempre monopólio de 2 partidos o PS e o PSD, excluindo-se os hiatos do período revolucionário e a participação de um partido minoritário para superar a insuficiência de votos dos accionistas nos 2 grandes, (CDS). Por outras palavras, são 35 anos de alternância dos 2 dois grandes grupos, que arrebanham para si os votos dos pequenos accionistas.
O CEO Sócrates
Os programas de cada grupo para administrar a empresa (país), não divergem significativamente, tanto mais que a seguir à entrada para a UE, os governos estão sujeitos à política comunitária e praticamente o seu poder de soberania diluiu-se muito. Estão muito confinados  às transposições para o Direito Nacional das Directivas da UE. Os dois grupos (PS e PSD) tentam identificar as diferenças ideológicas naquilo que lhes é possível, ex.: casamento homossexual, aborto, regionalização, revisão constitucional, etc.
Na questão que verdadeiramente é essencial, a Economia, os 2 grupos pouca diferença podem apresentar, porque não depende deles a definição da política macro-económica, ainda que todos os dias venham com argumentos a tentar demonstrar o contrário. Nada melhor para se avaliar essa indiferenciação, do que o momento que se vive,  em que o dito grupo de esquerda, implementa políticas que seriam mais plausíveis no seu adversário e este por sua vez, propagandeia o discurso de defesa dos pequenos accionistas como se do outro se tratasse.  Um travestiu-se na acção, outro no discurso. Tudo isto porquê? Porque quem manda na Economia e nas Finanças não são os 2 grupos, é o Mercado.
Esta coisa do Mercado serve para justificarem tudo. O grande problema do país é o endividamento externo, que como é óbvio, não começou à 5 anos, tem vindo a agravar-se ano após ano, o financiamento do défice orçamental sistemático, associado à necessidade de recursos dos privados, quer das empresas, quer dos particulares, que foram alvo de campanhas maciças para consumirem, tem conduzido a um beco que é aquele em que nos encontramos.
Soube-se ontem que as exportações cresceram cerca de 15 %, mas mesmo assim não conseguiram evitar um défice na balança comercial, porque as importações cresceram mais que as exportações.
Os vários CEO dos dois grupos : (Soares-Pinto-Carneiro-Balsemão-Cavaco.-Guterres-Barroso-Lopes e Sócrates), que desde 1976 administram a sociedade, sabiam e sabem que o crescimento da economia nacional (PIB)  era e é, insuficiente para responder ao aumento permanente do endividamento externo e que algum dia, isso seria fatal. Esse momento chegou.
O CEO actual consegue ser o mais perigoso, pois vive em esquizofrenia, toma decisões num processo mental completamente desfocado da realidade: aumentos da função pública em 2009, diminuição do IVA, grandes obras públicas, erro grosseiro no cálculo do défice orçamental do ano anterior,  etc. Menos de 1 ano decorrido, anula as benesses e agrava tudo, justifica o injustificável com a crise e o Mercado. Como se há um ano o endividamento externo não fosse já o problema e o crescimento endémico da economia do país, não fosse motivo para contenção. Só que a Assembleia Geral de Accionistas tinha de escolher e o CEO Sócrates não hesitou, fez tudo o que não devia fazer, pois corria o risco de ser substituído por outro e ele não sabe fazer outra coisa que não seja ser CEO de uma sociedade que não reclama dividendos.
O CEO  fala da coragem e de que tudo fará para defender o interesse nacional, como diz o Secretário do PCP e bem, violentar os funcionários públicos, que como nas empresas privadas os há bons e maus, nos aposentados de pensões baixas, etc., não é um acto de coragem. Coragem, conforme referimos em artigo anterior, teria sido em 2009 apresentar um programa de contenção, mesmo arriscando deixar de ser CEO.
A desorientação do país é visível em todos os estratos da sociedade, a psicose que advém da falta de um CEO fiável, sério politicamente, que assuma responsabilidades pelo bom e pelo mau, sem a procura permanente de justificar insucessos com causas exteriores e sucessos pela competência própria, é o verdadeiro défice nacional.
O Presidente da República também não está isento de responsabilidades, resguarda-se permanentemente na temática das competências, refugia-se em vacuidades, como se fosse um espectador como qualquer outro accionista minoritário, mas o PR é um actor com poderes importantes, pois é a única figura escolhida pela AG dos accionistas para fiscalizar a acção do CEO, que deve exercer uma magistratura de influência, mas se necessário, denunciar o MONSTRO e publicamente demonstrar o seu desacordo, mas não num discurso curvilíneo, cheio de metaforismos, como se se tratasse de recados que só serve a intriga política e o regalo dos comentadores,  que se põem a adivinhar o objectivo das palavras. Tão mistificado é o discurso, que serve para todos estarem de acordo.
O país precisa urgentemente de novos CEOS nos dois grupos dominantes, que façam a auditoria da situação da sociedade e apresentem um plano estratégico sem hipocrisia nem reservas tácticas. As medidas que desse plano resultarem, sejam elas quais forem, têm de ter administradores executivos que mereçam a confiança dos accionistas.




1 comentário:

  1. Excelente ! Num entanto, e de uma forma simplista não podemos desassociar a nossa culpa neste cenário.
    Como por exemplo : Ninguém nos obriga a consumir, campanhas de publicidade, deixam a livre escolha de consumir ou não .Mais uma vez aqui não se pensa por si mesmo (efeito manada). Depois, cada vez que pedem credito para coisas ridículas como Férias ou o ultimo grito do modelo de Tv . Estão a contribuir para esta demanda, e para cada um de nós pague esses Créditos mal parados que muitas vezes não são NOSSOS são VOSSOS!
    Logo è muito tipico no povo portugues sacudir a agua do capote e a culpa morre sempre sozinha .Venham as pessoas de 60 Anos gorvernar esta gente nova .Que pouco ou nada sabe de poupança !

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