OS PRINCEPEZINHOS


Na política não se mente – falta-se à verdade-; na política não há mentirosos – há faltosos à verdade-, na política não há corrupção – há suspeições infundadas-; na política não há interesses ocultos – há segredos de Estado; na política não há tráficos de influência – há o interesse nacional-; na política não há benefícios pessoais – há espírito de missão-.
A política na sua essência é nobre, os actores é que são incapazes de o ser. Maquiavel é o guru da maioria – os fins justificam os meios-. O italiano nunca esteve tão na moda, ler o Príncipe escrito por volta de 1500, é compreender a essência da acção política nos nossos tempos.
Uns têm estaleca para o papel, outros são uns aprendizes que contribuem para o desprestígio da função, que é associada a tudo o que os políticos repudiam. A Europa vive o tempo de principezinhos de algibeira, que a conduziram a um beco sem saída para uns e opulência para outros, como se vivêssemos a idade média, em que as fronteiras estavam em permanente mutação.
O dinheiro, que já naquela época definia a hegemonia, com os exércitos mais apetrechados a conquistarem os mais débeis e a imporem condições de vida diferentes da dos ocupantes, continua como há mais de 500 anos a impor a sua regra. Não é preciso atacar com lanças, setas, ou bombas, basta cortar o crédito, que vá-se lá saber porquê, o facultavam antes sem perguntas incómodas.  
A U.E foi constituída para criar riqueza e a redistribuir de forma a diminuir as assimetrias dentre os seus membros. Os mais ricos teriam de ceder, para que os menos desenvolvidos pudessem financiar políticas de crescimento e modernização. A liderança comunitária deveria monitorizar a acção de cada membro e impedir excessos que no futuro fossem incontornáveis.
Nada disso se passou, cada um agiu por si, como se todos fossem o dono do BCE. Os famigerados mercados, que pelos vistos não estavam cá, acordaram de um momento para o outro da letargia dos +AAA para os –CCC e para o “lixo”. O problema foi da liderança política, foi dos principezinhos de algibeira, que inundaram os governos e a burocracia comunitária. A desgraça da Europa foi essa, foi entregar o destino a gente incapaz de serem verdadeiros Príncipes.

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