A CONQUISTA EUROPEIA


O défice aumentou 25 % relativamente a 2011, encurralado entre a descida da receita (2.2 %) e o aumento da despesa (2.6 %). Assusta mas não os convictos seguidores do tratamento, que sustentam que tudo está sob controlo e dentro da projecção. A recessão está em todos os sectores da sociedade, excepto nas lojas de compra de ouro usado, o “prego” de antigamente.
Os políticos são assim, na oposição tudo o que os outros fazem é navegar num mar encapelado, quando mudam para os palácios, tudo é um mar de rosas. Era assim com Sócrates, é assim com Coelho. O próprio presidente que parece viver à margem do que se passa no país, parecendo até infantil quando fala da coisa pública, disse que vamos sair da crise antes do previsto. Mas o que é antes do previsto e o que é sair da crise?
Sim, o que é sair da crise? : é o défice diminuir; é o PIB crescer? é restituir as pensões e os salários extorquidos?; é a economia crescer e absorver parte substancial do desemprego? Nada disso, para os neoliberais sair da crise, é o momento em que os mercados se dispõem a financiar a emissão de dívida pública e o sistema bancário.
Percebe-se que para lá chegar, paradoxalmente tem de se intensificar a crise, austeridade sobre austeridade, agiotagem sobre agiotagem (os juros incrementaram mais de 50 % no 1º trimestre de 2012 comparado com igual período de 2011) e a Grécia é o melhor exemplo dessa droga letal que é o ajustamento da economia sem critério e em prazo incomportável.
Não há política europeia, há política alemã que já por duas vezes destruiu o continente e se prepara para o fazer pela 3ª vez, sem canhões é certo, mas com armas bem mais sofisticadas. Veja-se o papel do presidente da Comissão, que por sorte ou azar é nosso conterrâneo, mas que mais parece um moço de recados, do que o mais alto dirigente da U.E. Deixar aos alemães a condução da política da União, só podia ter resultado naquilo a que estamos a assistir e até a França com tradições históricas e culturais de nação livre e humanista, se deixou subjugar por Sarkozy, essa estranha personagem que se limitou a ser a marioneta da chanceler.
Tal como antes, os alemães pensam que podem subjugar tudo e todos e tal como antes, quando a maioria acordar e perceber que tudo está a ruir excepto a Germânia, a coisa pode mudar, mas até lá, os tempos são para situacionistas e colaboracionistas, sem coluna vertebral.

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