-JORNALISMO DE ANTECIPAÇÃO ONLINE juliusrimante@sapo.pt-Fundado em 03/07/2008-Director: Toni Roma-Porto-Portugal(-A notícia antes da ocorrência-)
PETIÇÕES
Petir está na moda. Pete-se para isto e para
aquilo. Até o JULIUS que tinha uma secção que intitulava Donas de Casa, foi
alvo de uma ameaça de petição no Facebook, por parte de algumas supostas donas
de casa, que se sentiam ofendidas pelo avilte que fazíamos todos os dias, ao
publicar belíssimas Donas de Casa. Invocaram a superficialidade a que
reduzíamos as verdadeiras Donas de Casa. Depreendemos que só aceitavam donas de
casa de avental e feias. Como não quisemos dar um motivo para mais uma petição,
mudamos o nome e as belas deixaram de ser Donas de Casa. Tivemos pena, mas não
fomos nós que despromovemos as fantásticas Donas de Casa que publicamos ao
longo do tempo. Foram algumas leitoras que acharam que as Donas de Casa não
podem ser belas e insinuantes…paciência…as musas nunca poderão ser Donas de
Casa…(esquisito).
Mas o tema da abordagem não são as Donas de Casa, o
tema é a petição para a demissão do Presidente da República.
A sociedade tem um efectivo défice de democracia,
pois é continuamente posta perante decisões políticas que confundem, que são a
antítese de promessas eleitorais, de cidadãos a clamar por austeridade e que são
receptadores de remunerações absurdas, de sacrifícios que são impostos a uns e
que outros contornam das formas mais ousadas e desafiando a credibilidade dos
governantes, de tráficos de influência de organizações secretas, de nomeações para
cargos públicos que objectivamente são pagamentos de letras de favor e um sem
número de enormidades.
Perante isto resta-lhe o burlesco, resta-lhe fazer de
conta que existe após as escolhas eleitorais. A maioria absoluta de votantes
escolheu o Professor, as alternativas não eram também grande coisa, mas
escolheu. O Presidente na sua natural degradação do hardware provocada pela
erosão do tempo, denuncia também uma natural erosão no software, que vai
evidenciando com alguma regularidade, sempre que procura o improviso.
Resguardado no discurso em A4 não comete muitos deslizes, mas sempre que fala
em directo a coisa fica feia. Mas peticionar a sua demissão é um exagero e
seria mais apropriado pedir o livro de reclamações e escrever. O livro amarelo
existe para isso mesmo, reclamar.
Essa coisa de petir (peticionar) por tudo e por
nada, vai vulgarizar tanto esse legítimo direito democrático, que qualquer dia
até vai surgir algo que se justifique e as pessoas não vão aderir.
Os peticionistas deveriam em alternativa pedir o
livro de reclamações e zás,
“Sr. Presidente, o Senhor é um gastador, o senhor
não cobre as despesas com 10.000 euros por mês? Em que gasta tanto dinheiro? É
na mercearia? Procure as promoções e produtos da linha branca. É no casino de
Vilamoura? Acabe com isso, jogue o Monopoly e sempre pode comprar a EDP e a Rua
Augusta. É nas chamadas de valor acrescentado? Diga para lhe bloquearem esse
vício. É a comprar os programas da Apple para o iPad? Peça para instalar um
jailbreak e pirateie tudo o que puder. Enfim, poupe, deixe de comprar os fatos
na Zara e vá aos out-lets.”
STATUS
Jacques Amaury
Sociólogo e filósofo francês, acerca de
Portugal
Um artigo de Jacques Amaury, sociólogo e filósofo francês,
professor na Universidade de Estrasburgo.
"Portugal atravessa um dos momentos mais difíceis da
sua história que terá que resolver com urgência, sob o perigo de deflagrar crescentes
tensões e consequentes convulsões sociais.
Importa em primeiro lugar averiguar as causas. Devem-se
sobretudo à má aplicação dos dinheiros emprestados pela CE para o esforço
de adesão e adaptação às exigências da união.
Foi o país onde a CE mais investiu
"per capita" e o que menos proveito retirou. Não se actualizou,
não melhorou as classes laborais, regrediu na qualidade da educação, vendeu
ou privatizou mesmo actividades primordiais e património que poderiam hoje ser
um sustentáculo.
Os dinheiros foram encaminhados para auto-estradas, estádios
de futebol, constituição de centenas de instituições público-privadas,
fundações e institutos, de duvidosa utilidade, auxílios financeiros a empresas
que os reverteram em seu exclusivo benefício, pagamento a agricultores para
deixarem os campos e aos pescadores para venderem as embarcações, apoios
estrategicamente endereçados a elementos dos principais partidos, ou
a próximos deles, com elevados vencimentos nas classes superiores da
administração pública, o tácito desinteresse da Justiça, frente à corrupção
galopante e um desinteresse quase total das Finanças no que respeita à cobrança
na riqueza, na Banca, na especulação, nos grandes negócios, desenvolvendo,
em contrário, uma atenção especialmente persecutória junto dos pequenos
comerciantes e população mais pobre.
A política lusa é um campo escorregadio onde os mais
hábeis e corajosos penetram, já que os partidos, cada vez mais
desacreditados, funcionam essencialmente como agências de emprego que admitem
os mais corruptos e incapazes, permitindo que com as alterações governativas
permaneçam, transformando-se num enorme peso bruto e parasitário. Assim,
a monstruosa Função Publica, ao lado da classe dos professores, assessoradas
por sindicatos aguerridos, de umas Forças Armadas dispendiosas e caducas,
tornaram-se não uma solução, mas um factor de peso nos problemas do país.
Não existe partido do centro já que as diferenças são apenas
de retórica, entre o PS (Partido Socialista) e o PPD/PSD (Partido Popular
/Social Democrata), de direita, agora mais conservador ainda, com a inclusão de
um novo líder, que tem um suporte estratégico no PR e no tecido empresarial
abastado.
Mais à direita, o CDS (Partido Popular), com uma actividade
assinalável, mas com telhados de vidro e linguagem publica, diametralmente
oposta ao que os seus princípios recomendam e praticarão na primeira
oportunidade.
À esquerda, o BE (Bloco de Esquerda), com tantos adeptos
como o anterior, mas igualmente com uma linguagem difícil de se encaixar nas
recomendações ao Governo, que manifesta um horror atávico à esquerda, tal como
a população em geral, laboriosamente formatada para o mesmo receio.
Mais à esquerda, o PC (Partido comunista) menosprezado pela
comunicação social, que o coloca sempre como um perigo latente e uma extensão
inspirada na União Soviética, oportunamente extinta, e portanto longe das
realidades actuais.
Assim, não se encontrando forças capazes de alterar o
status, parece que a democracia pré-fabricada não encontra novos
instrumentos.
Contudo, na génese deste beco sem aparente saída, está a
impreparação, ou melhor, a ignorância de uma população deixada ao abandono,
nesse fulcral e determinante aspecto. Mal preparada nos bancos das
escolas, no secundário e nas faculdades, não tem capacidade de decisão, a não
ser a que lhe é oferecida pelos órgãos de Comunicação.
Ora é aqui está o grande problema deste pequeno país; as
TVs as Rádios e os Jornais, são na sua totalidade, pertença de privados ligados
à alta finança, à industria e ao comercio, à banca e com
infiltrações accionistas de vários países.
Ora, é bom de ver que com este caldo, não se pode cozinhar
uma alimentação saudável, mas apenas os pratos que o "chefe"
recomenda. Daí a estagnação que tem sido cómoda para a crescente distância
entre ricos e pobres.
A RTP, a estação que agora engloba a Rádio e TV oficiais,
está dominada por elementos dos dois principais partidos, com notório
assento dos sociais-democratas e populares, especialistas em silenciar posições
esclarecedoras e calar quem levanta o mínimo problema ou dúvida. A selecção
dos gestores, dos directores e dos principais jornalistas é feita
exclusivamente por via partidária. Os jovens jornalistas, são condicionados
pelos problemas já descritos e ainda pelos contratos a prazo determinantes para
o posto de trabalho enquanto, o afastamento dos jornalistas seniores, a quem
é mais difícil formatar o processo a pôr em prática, está a chegar ao fim. A
deserção destes, foi notória.
Não há um único meio ao alcance das pessoas mais
esclarecidas e por isso, "non gratas" pelo establishment,
onde possam dar luz novas ideias e à realidade do seu país, envolto no
conveniente manto diáfano que apenas deixa ver os vendedores de ideias já
feitas e as cenas recomendáveis para a manutenção da sensação de
liberdade e da prática da apregoada democracia.
Só uma comunicação não vendida e alienante, pode ajudar a
população, a fugir da banca, o cancro endémico de que padece, a exigir uma
justiça mais célere e justa, umas finanças atentas e cumpridoras, enfim, a
ganhar consciência e lucidez sobre os seus desígnios.
@AG
PRINCÍPIO DE PETER
O Presidente de Portugal é inenarrável.
Algumas das suas intervenções começam a suscitar dúvidas sobre o seu
estado psicológico. O seu posicionamento sobre os cortes dos subsídios à função
pública anunciados pelo Governo, em que demonstrou o seu desagrado pelo não
respeito da equidade fiscal, que alguns tomaram como um distanciamento à
austeridade imposta pelos seus correligionários, afinal não passou de uma posição
pessoal de alguém que se via afectado pelos cortes.
A sua declaração pública de que não sabe como vai pagar as suas
despesas, com um rendimento de pensões de 10.000 euros mensais e de que terá de
recorrer às poupanças para as suportar, é um momento digno dos apanhados.
O Professor parece alheado do país em que vive. Dizer que não sabe como
viver com 10.000 euros mensais aqueles que a trabalhar se têm de governar com
500.00 euros, só pode ser uma anedota de mau gosto, só pode ser de alguém que
goza com a miséria dos outros. Já não bastou um outro septuagenário – Eduardo Catroga
- com a mesma formação, ter dito que vai para a EDP usufruir de 50.000 euros
mensais e que quanto mais ganhar melhor é para o país, pois vai pagar mais
impostos, sem se lembrar que qualquer um dos electricistas da empresa pensa o
mesmo e sem referir que quanto mais ganhar mais pagamos na conta da luz, esta
gente de idade começa a ficar sem jeito.
O mais grave é que ocupam lugares de que há muito se deviam ter
retirado. Dedicarem-se às hortas, à agricultura de lazer, a pescar e de vez em
quando darem uns palpites, tipo Mário Soares, assim sim, agora andarem no meio
do trânsito com as artroses a atacarem o cérebro, não faz sentido e não é bom
para eles nem para nós.
Se mantiverem a lucidez, a experiência e o bom senso, são uma mais-valia,
veja-se o exemplo de Artur Santos Silva, mas se pelo contrário, começam a falar
como o Estebes e agir como a Lili, então alguém da família que os aconselhe.
Princípio de Peter na sua plenitude. Não querem sair dos holofotes e
falam como aposentados da província, com pensões de 200.00 euros, a única
diferença é que têm dentes postiços bonitos e riem-se muito…
Subscrever:
Mensagens (Atom)