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“De acordo com o Banco de Pagamentos Internacionais (BIS) em Basileia, a dívida bruta total de Portugal é de cerca de 350 mil milhões de euros, ou 210% do PIB - muito superior ao total da dívida bruta da Grécia, que representa cerca de 150% do PIB.
De salientar que, do total de 350 mil milhões de dívida bruta de Portugal, 190 mil milhões de euros (55%) correspondem a dívida do sector bancário e 60 mil milhões (17%) a dívida directa do sector empresarial. A dívida pública portuguesa corresponde a cerca de 100 mil milhões de euros (28%) do referido total de 350 mil milhões.
Resulta desde logo claro que, quando se discute a eventual aprovação do Orçamento e o seu impacto no preço da dívida pública, se está a considerar uma parte (28%) do problema, certamente uma parte muito importante e visível, que porventura até marca o preço do todo. Mas não se pode deixar de considerar que é uma parte, tendo-se de atender ao que se está a passar na componente mais importante, isto é, nos 190 mil milhões de euros da dívida bruta dos bancos portugueses.
O que se conhece em matéria de financiamento do sistema financeiro português é que, desde Fevereiro do corrente ano, a única fonte de financiamento é o Banco Central Europeu (BCE). Em finais de Agosto o BCE já representava em contratos de recompra  de curto prazo cerca de 50 mil milhões de euros, ou seja, cerca de 25% do total da dívida bruta dos bancos portugueses. Entretanto espera-se que este montante continue a subir. Por outras palavras, os bancos e os investidores internacionais, pelo fecho de linhas , não renovação de contratos de recompra de curto prazo  e títulos vencidos, estão a concentrar no BCE o risco de crédito da banca portuguesa, constituindo-se este a breve trecho credor único.
O economista chefe do FMI, Olivier Blanchard, há muito tempo (2006), num estudo sobre o ajustamento de Portugal no quadro da União Monetária, concluiu que, para se restabelecer a competitividade de Portugal - perante a impossibilidade de desvalorização competitiva -, os salários teriam de ser reduzidos 20%, ou seja, quatro vezes mais que o ajustamento pedido no Orçamento do Estado de 2011. É assim cristalino por que razão os mercados internacionais estão fechados a Portugal e porque  parece evidente que não vão reabrir - independentemente do Orçamento. É óbvio que o default será uma peça central para esta quadratura do círculo e para isso nos temos todos de preparar(vide. JR no I em 04/11/2010)
A pressão sobre Portugal tem como objectivo evitar o alastramento à Espanha, que será catastrófico para a UE e para o euro.  A Alemanha como sempre, deixa os mais pobres encurralados  entre a dívida e o crescimento, para perpetuar a sua hegemonia.
Em Portugal a classe política durante 35 anos foi afundando o país e agora até  faz actos de confissão, como o do deputado Afonso Candal ontem na AR, talvez porque vai abandonar o cargo, porque antes não se lhe ouviu nada sobre o assunto. Um Presidente disse que havia vida para além do défice, o actual não deu por nada e só agora acordou, pois quer ser reeleito. Os políticos dos partidos do poder são todos responsáveis, cada um a seu tempo, mas incrivelmente a maioria ainda continua a exercer, a ter opinião e a encher jornais e televisões, com soluções para os problemas que criaram. Os portugueses ouvem-nos e cada vez mais se enterram. Enfim...


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