A GRÉCIA...SEMPRE A GRÉCIA...


Num anterior post do JULIUS RIMANTE já abordamos a temática do excelente negócio que foi para a Alemanha a moeda única. Em contrapartida para os periféricos: Grécia, Portugal, Itália e Espanha foi o inverso. A simetria das curvas das Balanças de Pagamentos evidenciam-no:

                          

Repete-se o que então se escreveu :” É normal debater o problema do endividamento soberano concentrando-se na sustentabilidade da dívida pública nas economias periféricas. Mas pode ser mais informativo enxergá-lo como um problema na balança de pagamentos. Tomados em conjunto, os quatro países mais problemáticos (Itália, Espanha, Portugal e Grécia) têm um deficit conjunto de USA$ 183 bilhões na conta corrente. A maior parte deste deficit corresponde ao deficit no sector público destes países, já que o seu sector privado se encontra actualmente num estado aproximado de equilíbrio financeiro. Compensando estes deficits, a Alemanha tem um superavit de US$ 182 biliões em conta corrente, o equivalente a cerca de 5% do seu PIB ? Isto significa que ao contrario do que acontece num estado federal, o estado que produz mais riqueza não a reparte significativamente pelos outros estados (fomentando a sua economia, por exemplo). Percebe-se assim a atitude de boicote sistemático da Sr.ª Merkel a qualquer plano que ponha cobro aos ataques especulativos e sequenciais dos mercados financeiros, pois isso exigiria que a Alemanha utilizasse uma parte do seu superavit para realizar empréstimos que apenas renderiam uma taxa de juro modesta. Pelo contrário, se conseguir fazer aguentar a situação de impasse por mais algum tempo, o bloqueio do crédito fará com que um grande número de empresas tenham de ser vendidas para não falirem, sendo então compradas pelos alemães. Temos assim um ataque em tenaz tão ao gosto germânico: mantêm-se os países desprovidos dos normais mecanismos de defesa cambial -resultante da moeda única e das regras impostas ao Banco Central Europeu - acentuando rapidamente as suas debilidades estruturais, e simultaneamente dificulta-se o acesso ao crédito levando cidadãos empresas e estados a um beco sem saída. Depois de espalhar o medo, substituem-se os governos desses países (Grécia, Portugal, Espanha, Itália), reduzem-se salários e regalias sociais e finalmente compra-se a capacidade produtiva de um país ao preço de saldo. De facto estamos a enfrentar uma situação de guerra, em que as armas até podem ser corteses e silenciosas, mas não deixam de ser devastadoras. “

A Grécia está no pré-colapso, independentemente das ajudas que vão sendo concedidas, debaixo de condições cada vez mais gravosas. Os alemães esticaram tanto a corda que ela vai-se partir e todos se vão estatelar, desde os mais fortes até aos mais fracos. A falência grega de acordo com as estimativas dos especialistas, terá repercussão superior à falência do Lehman Br. e afectará toda a banca europeia e não só. O problema não é só a liquidez, são as imparidades que os bancos terão de resolver com capitais públicos. Os prejuízos resultantes das perdas na Grécia implodirão sobre a economia, pois o crédito cada vez será mais escasso. O euro está doente há muito tempo e houve interesse em que se não curasse, pois tal como as casas funerárias, alguém está lucrando com a desgraça de outros.

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