-JORNALISMO DE ANTECIPAÇÃO ONLINE juliusrimante@sapo.pt-Fundado em 03/07/2008-Director: Toni Roma-Porto-Portugal(-A notícia antes da ocorrência-)
VOCÊ SABIA ?
A IBM fez uma apresentação em vídeo aos seus colaboradores, de que damos
aqui um extracto do que nos pareceu mais surpreendente, sob a designação
"mudanças acontecem" e questionando-os com um enigmático "você
sabia que...".
Notável pela simplicidade e acutilância.
Você sabia que em 2010 o conhecimento humano dobrou a cada 72 horas?
Eu não.
Você sabia que a quantidade de nova informação gerada no mundo durante
um ano é maior que a gerada nos últimos 5.000 anos ?
Eu não.
Você sabia que a quantidade de informação técnica nova dobra a cada 2
anos?
Eu não.
Veja com atenção o quadro e surpreenda-se.
A insegurança e a incerteza tomou conta das pessoas. Os ricos atemorizam-se
com o risco da perda e os pobres sem saber como o evitar.
A sociedade que é sempre uma amálgama de pessoas de várias idades, educação,
culturas, condições de vida e um sem número de outras variáveis, está posta perante
um frenesim de mudanças e upgrades, que quase significam um reset ao
conhecimento anterior, tal a velocidade da sucessão da informação. Fica-se sem
se saber se é bom se é mau.
A gestão passa a ser focalizada no curto prazo, pois é tal forma a
redundância do conhecimento actual, com a volatilidade de dobrar a cada 2 anos,
que desmoraliza o perder demasiado tempo com o que se sabe hoje, pois em 2014
já duplicou...
Os jovens de hoje serão freelancer profissionais, sem criar raízes nas organizações
com que vão colaborar. Passar por 10 a 14 empregos até aos 38 anos de idade,
vai impossibilitar perceber a cultura das empresas e criar afectos
organizacionais e de camaradagem. Vai ser cada um por si e o dinheiro por
todos.
Fascinante e preocupante o excerto da apresentação da IBM, vale a pena
ver e reflectir, quanto mais não seja para percebermos que "não
sabíamos..."
DESEMPREGO DEVASTADOR
O desemprego de cerca de 1 milhão
de pessoas, segundo as estatísticas oficiais e mais de 1 milhão e 300 mil,
considerando que cerca de 300.000 já não procuram emprego e são riscados das
estatísticas, está a afectar mais de 16 % dos portugueses activos.
Mais grave quando se verifica
que uma grande parte tem cerca de 50 anos e para voltar ao mercado de trabalho
será extremamente difícil. Os mais jovens são também desbaratados e a taxa de
desemprego dessa faixa atinge uma enormidade para um país europeu,
restando-lhes o incentivo do primeiro-ministro para emigrarem.
O desemprego resulta da
destruição maciça de grande parte do tecido empresarial constituído por PMEs,
que estão vocacionadas para o mercado interno e que não se transformam num
golpe de mágica em exportadoras.
As dificuldades de liquidez
proveniente da sangria dos recursos para acorrer às empresas públicas,
autarquias, parcerias público-privadas, BPN e outras burlices do género, estão
a asfixiar irreversivelmente a capacidade de sobrevivência dos empregadores.
As empresas portuguesas para
se modernizarem adquirem equipamentos ao preço dos alemães e franceses, muitas
das vezes mais caro, porque são esses que os vendem. Sem capitais próprios
adequados, pois é histórico o funcionamento da economia nacional à base de
financiamento bancário, a crise de crédito provoca um stop brutal na actividade
económica, liquidando cerca de 1.000 postos de trabalho diariamente.
Não é numa década que se
resolve o problema estrutural que apresenta Portugal, que mesmo com crédito fácil
não conseguiu crescer onde deveria ter crescido – na produção de bens e
serviços transaccionáveis - , quanto
mais em dois anos.
Metaforicamente falando: é como
exigir que a Justiça funcione bem, os deputados sejam em menor número e ganhem
menos, que os políticos sejam responsabilizados pela incompetência, que se
perceba a utilidade dum Presidente da República, que as nomeações para cargos públicos
não sejam por razões políticas, tudo isto em 2 anos. Todos nós sabemos que vai
demorar muito mais que uma década, se é que alguma vez vai mudar…
O seguidismo do governo e do
partido da oposição, acorrentados ao acordo com a Troika, anestesiou de tal
forma a política de Estado, que não querem perceber os avisos de que o país
caminha para uma hecatombe. O ajustamento do contrato é crucial, caso contrário
o exército vai sendo dizimado até à capitulação total. A absorção da mão de
obra que entretanto vai engrossando as
fileiras do desemprego, não tem uma estratégia definida pelo Governo, que vai deixando
sem rumo uma imensa multidão de gente útil, que representa uma perda em número
de horas de trabalho infinitamente
superior ao que se ganha com o fim dos feriados.
A GRÉCIA...SEMPRE A GRÉCIA...
Num anterior post do JULIUS RIMANTE já abordamos a temática do excelente negócio que foi para a Alemanha a moeda única. Em contrapartida para os periféricos: Grécia, Portugal, Itália e Espanha foi o inverso. A simetria das curvas das Balanças de Pagamentos evidenciam-no:
Repete-se o que então se escreveu :” É normal debater o problema do endividamento soberano concentrando-se na sustentabilidade da dívida pública nas economias periféricas. Mas pode ser mais informativo enxergá-lo como um problema na balança de pagamentos. Tomados em conjunto, os quatro países mais problemáticos (Itália, Espanha, Portugal e Grécia) têm um deficit conjunto de USA$ 183 bilhões na conta corrente. A maior parte deste deficit corresponde ao deficit no sector público destes países, já que o seu sector privado se encontra actualmente num estado aproximado de equilíbrio financeiro. Compensando estes deficits, a Alemanha tem um superavit de US$ 182 biliões em conta corrente, o equivalente a cerca de 5% do seu PIB ? Isto significa que ao contrario do que acontece num estado federal, o estado que produz mais riqueza não a reparte significativamente pelos outros estados (fomentando a sua economia, por exemplo). Percebe-se assim a atitude de boicote sistemático da Sr.ª Merkel a qualquer plano que ponha cobro aos ataques especulativos e sequenciais dos mercados financeiros, pois isso exigiria que a Alemanha utilizasse uma parte do seu superavit para realizar empréstimos que apenas renderiam uma taxa de juro modesta. Pelo contrário, se conseguir fazer aguentar a situação de impasse por mais algum tempo, o bloqueio do crédito fará com que um grande número de empresas tenham de ser vendidas para não falirem, sendo então compradas pelos alemães. Temos assim um ataque em tenaz tão ao gosto germânico: mantêm-se os países desprovidos dos normais mecanismos de defesa cambial -resultante da moeda única e das regras impostas ao Banco Central Europeu - acentuando rapidamente as suas debilidades estruturais, e simultaneamente dificulta-se o acesso ao crédito levando cidadãos empresas e estados a um beco sem saída. Depois de espalhar o medo, substituem-se os governos desses países (Grécia, Portugal, Espanha, Itália), reduzem-se salários e regalias sociais e finalmente compra-se a capacidade produtiva de um país ao preço de saldo. De facto estamos a enfrentar uma situação de guerra, em que as armas até podem ser corteses e silenciosas, mas não deixam de ser devastadoras. “
A Grécia está no pré-colapso, independentemente das ajudas que vão sendo concedidas, debaixo de condições cada vez mais gravosas. Os alemães esticaram tanto a corda que ela vai-se partir e todos se vão estatelar, desde os mais fortes até aos mais fracos. A falência grega de acordo com as estimativas dos especialistas, terá repercussão superior à falência do Lehman Br. e afectará toda a banca europeia e não só. O problema não é só a liquidez, são as imparidades que os bancos terão de resolver com capitais públicos. Os prejuízos resultantes das perdas na Grécia implodirão sobre a economia, pois o crédito cada vez será mais escasso. O euro está doente há muito tempo e houve interesse em que se não curasse, pois tal como as casas funerárias, alguém está lucrando com a desgraça de outros.
SEXALESCENTES
Se
estivermos atentos, podemos notar que está a aparecer uma nova franja social: a
das pessoas que andam à volta
dos
sessenta anos de idade, os sexalescentes: é a geração que rejeita a
palavra "sexagenário", porque simplesmente
não
está nos seus planos deixar-se envelhecer.
Trata-se
de uma verdadeira novidade demográfica - parecida com a que, em meados do
século XX, se deu com a
consciência
da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em
corpos desenvolvidos,
que
até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico
Este novo grupo humano que hoje ronda os sessenta teve uma vida razoavelmente satisfatória.
São homens e mulheres independentes que trabalham há muitos anos e que conseguiram mudar o significado tétrico
que
tantos autores deram durante décadas ao conceito de trabalho. Que procuraram e
encontraram há muito a actividade
de
que mais gostavam e que com ela ganharam a vida.
Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonhamem reformar-se. E os
que já se reformaram gozam
Talvez seja por isso que se sentem realizados... Alguns nem sonham
plenamente
cada dia sem medo do ócio ou da solidão, crescem por dentro quer num, quer na
outra.
Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos,
preocupações, falhanços e sucessos,
sabe bem olhar para o mar sem pensar em mais nada,
ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar...Neste universo de
pessoas saudáveis, curiosas e activas, a mulher tem um papel destacado. Traz
décadas de experiência de fazer a sua vontade, quando as suas mães só podiam
obedecer, e de ocupar lugares na sociedade que as suas mães nem tinham sonhado
ocupar.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma
fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a fazê-lo todos os dias.Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo.
Esta mulher sexalescente sobreviveu à bebedeira de poder que lhe deu o feminismo dos anos 60. Naqueles momentos da sua juventude em que eram tantas as mudanças, parou e reflectiu sobre o que na realidade queria.
Algumas optaram por viver sozinhas, outras fizeram carreiras que sempre tinham sido exclusivamente para homens, outras escolheram ter filhos, outras não, foram jornalistas, atletas, juízas, médicas, diplomatas... Mas cada uma
fez o que quis : reconheçamos que não foi fácil, e no entanto continuam a fazê-lo todos os dias.Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.Por exemplo, não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta", homens e mulheres, lida com o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe (e vêem-se), e até se esquecem do velho telefone para contactar os amigos - mandam e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil e quando não estão, não se conformam e procuram mudá-lo.
Raramente se desfazem em prantos sentimentais.Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem
e pesam todos os riscos.Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas
reflecte, toma nota, e parte para outra...
Os
maiores partilham a devoção pela juventude e as suas formas superlativas, quase
insolentes de beleza ; mas não se sentem em retirada. Competem de outra forma, cultivam
o seu próprio estilo... Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do
desporto, ou dos que ostentam um fato Armani, nem as mulheres sonham em ter as
formas perfeitas de um modelo. Em vez disso,
conhecem a importância de um olhar cúmplice, de uma frase inteligente ou de um
sorriso iluminado pela experiência.
Hoje, as pessoas na década dos sessenta, como tem sido seu costume ao longo da
sua vida, estão a estrear uma idade que não
tem
nome. Antes seriam velhos e agora já não o são. Hoje estão de boa saúde, física
e mental, recordam a juventude mas sem
nostalgias parvas, porque a juventude ela própria
também está cheia de nostalgias e de problemas.Celebram o sol em cada manhã e sorriem para si
próprios...Talvez
por alguma secreta razão que só sabem e saberão os que chegam aos 60 no século
XXI ...
OS ALGORITMOS
O Expresso na edição on-line aborda um artigo da revista norte-americana “New Scientist”, que divulgou
resultados de uma grande investigação sobre o funcionamento dos mercados financeiros,
mais propriamente na “negociação de alta frequência”.
O tema é fascinante, particularmente para quem acompanha
com alguma regularidade a volatilidade
bolsista. A origem da investigação remonta
ao período 2006/2011 e é de capital importância para se perceber as origens das
oscilações dos mercados financeiros, que têm impactos devastadores na vida dos
cidadãos, sem que estes compreendam os motivos das alterações bruscas e brutais
da vida social.
Aumento de preços, austeridade, desemprego, perda de
direitos que se designavam como adquiridos e que de um momento para o outro…passaram
a ex-adquiridos, milhares de pequenas e médias empresas destruídas em meses,
algumas com dezenas de anos de existência, a indústria da construção civil falida
e um sem número de implicações, que condenam as sociedades ao empobrecimento e
recuos nas condições de vida inimagináveis há 6 anos atrás.
O coração dos famosos mercados está em Wall-Street e é lá que
se decide a vida do mundo do dinheiro, o resto é paisagem.
Voltando ao resultado da investigação da “New Scientist”, ela
concluiu que nos mercados financeiros se trava uma grande guerra invisível
entre algoritmos, que exponencia o risco sistémico do capitalismo financeiro,
através de ordens de compra e venda de acções dadas automaticamente em milésimas
de segundo e que representam hoje em dia mais de 50 % da negociação nos EUA e
30 % na Europa. Denominam-se “negociações de alta frequência”.
Algoritmo é uma sequência finita e não ambígua de instruções
computáveis para solucionar um determinado problema.
Para se perceber vamos a um exemplo: problema:fazer um
bolo -1º-receita do bolo=algoritmo-2º-ingredientes=dados de
entrada-3º-recipientes utilizados=variáveis do processo-4º-modo de
fazer=descrição dos passos para a solução (fazer o bolo).
Pelo exemplo concluímos que o algoritmo é a receita.
De volta ao nosso tema, Neil Johnson da New Scientist
concluiu que as receitas são tantas e em simultâneo que o bolo tem momentos que
explode até com o fogão.
As oscilações brutais das cotações com descidas e subidas
em fracções de segundo tão curtas, tornam-nas invisíveis aos traders dos
mercados. Os crashes com implicações que se prolongam durante anos, com quedas
de mais de 20 % nas cotações e subidas subsequentes, têm por vezes a duração de
30 minutos. A destruição de valor nesses 30 minutos é suficiente para arrasar
milhões de postos de trabalho em todo o mundo.
A complexidade a que se chegou desde os anos 90, dá um
poder incrível a cerca de 400 empresas que têm as ferramentas para despoletar
sobre os mercados estratégias de financeirização, que resultam em determinados
momentos num “flash-crash”-a derrocada instantânea-.
O mundo joga-se nos computadores, em todas as variáveis da
vida moderna. Os algoritmos são estabelecidos de acordo com a estratégia de
operadores que se digladiam numa guerra cibernética, com o fim de maximizar o
lucro. A velocidade de processamento das operações e a capacidade das máquinas
que suportam o processo, levam a pensar segundo o responsável da revista, que
tem momentos que escapam ao controlo humano. A assim ser, estamos perante uma
nova arma de destruição maciça, sem ruído, nem sangue aparente. É como a
radioactividade das bombas atómicas, vai matando em silêncio e sem sangue.
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