O jogo da selecção nacional teve um resultado muito pior que a exibição
e ficou a dever-se à conjunção de alguns inexplicáveis azares na defesa e no
ataque. É evidente a falta de uma
articulação táctica do jogo como um todo, a transposição da bola não se processa
da mesma forma nos vários sectores. A equipa está construída numa filosofia de ataque,
mas falta-lhe um equilibrador quando perde a bola. Maus ensaios, mas não será por
isso que perderá competitividade. Veremos se as estrelas farão uma constelação,
ou se ficarão por aí.
Mas o mais memorável foi a atitude do público, o ambiente patriótico, a
gente jovem com a bandeira nacional, o cantar correcto do hino que se percebia nas
bocas que as câmaras identificavam na imensa multidão que enchia o estádio do Benfica enfim o frémito patriótico que os antigos pensavam ser um património em
extinção.
Incrível a resposta dos portugueses que estiveram na Luz, num momento difícil
para o país, em que todos os dias a vida vai sendo castigada com medidas que
nos querem diminuir como povo e como europeus, que nos inferiorizam e reduzem a
qualidade de vida de muitos à sobrevivência primária.
Os milhares demonstraram orgulho numa nação que está acima da
conjuntura, que tem uma História com quase mil anos, que está acima do Estado,
que não foi feita pelos que a governam a cada momento, que foi construída por
reis, republicanos, navegadores, poetas, desportistas, cientistas, actores, engenheiros,
padres, médicos, escritores, heróis da pátria e muitos outros que ajudaram a que
a língua de 10 milhões seja a língua de muitos milhões por esse mundo fora. Esse
espólio ninguém o pode usurpar, seja por ajustamento, seja por austeridade, ou seja
lá pelo que for, isso nunca fará parte de memorandos nem de negociação.
O arrepiante momento do cantar do hino por uma multidão independentemente
de sexos, idades e outras diferenças, identifica o maior valor que o
país tem: o amor dos portugueses a Portugal.
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