-JORNALISMO DE ANTECIPAÇÃO ONLINE juliusrimante@sapo.pt-Fundado em 03/07/2008-Director: Toni Roma-Porto-Portugal(-A notícia antes da ocorrência-)
CAPPUCCINO
Semana peculiar, o futebol, a política e a
economia entrecruzaram-se no Velho Continente com os mesmos intervenientes e os
mesmos vencedores. Um perdedor inesperado: A Alemanha de Low e de Merkel.
Pouco depois da Itália futebolística devastar
Berlin em Varsóvia, (que não tem gratas recordações dos alemães) , o seu primeiro-ministro
Monti derrotava Merkel com um tiro certeiro, como o 2º golo de Balotelli. A
Espanha que se baterá com os italianos na final da copa, ajudou à vitória dos
aliados de ocasião.
Os alemães saíram atónitos de Bruxelas e de
Varsóvia, sem perceberem muito bem o que falhou. Facilitar com os latinos,
misto de gauleses e visigodos, com uma capacidade de improvisação e aguerridos,
tem-lhes dado mau resultado na bola, (nunca ganharam aos italianos em provas
oficiais). No jogo do dinheiro, os alemães têm jogado a seu bel-prazer e exageraram
na presunção do poder, mas a finta de Monti, um tecnocrata apreciado em Berlin,
atirou a chanceler com a bola pela baliza dentro.
Entre os 2 golos, o de Balotelli e o de Monti,
fica-nos a difícil decisão de escolha do melhor.
A Itália esperou pela última semana de Junho,
para evidenciar a raça de grande nação, que ao lado da Grécia, mais contribuíram
para a civilização da Europa e do Mundo.
O loiro ariano foi suplantado pelo cappuccino
de Monti/Balotelli, em dois momentos únicos que ficarão na memória de quem
goste de futebol e de política. Para a trilogia ficar perfeita, o Papa Bento
XVI (alemão), endereçou os parabéns à selecção transalpina, extensíveis ao
primeiro ministro Monti.
ITÁLIA-INGLATERRA-O DREAM MATCH
O fantástico ITÁLIA-INGLATERRA, jogado
com uma intensidade incrível durante mais de 120 minutos e com a arbitragem do
português Pedro Proença ao nível do espectáculo, só muito dificilmente poderá
ser arredado do título de jogo do Europeu de 2012.
Grandes jogadas, grandes oportunidades,
grandes defesas e a disponibilidade total dos atletas para vencerem o jogo.
A Itália mereceu a sorte dos penalties,
mas a Inglaterra enquanto manteve alguma frescura física ainda criou situações
que poderiam ter levado à vantagem.
A lealdade dos actores foi mais um
argumento de tomo para qualificar a partida como uma das mais bem disputadas
nos últimos anos. Ambas as selecções honraram as suas bandeiras e fizeram mais em
120 minutos pela propaganda do futebol, que todo o marketing que potencia a
indústria.
O final do jogo não teve lágrimas
inglesas, nem poderia ter, o esforço dos britânicos mereceu o reconhecimento
dos seus adeptos, que premiou a equipa com o aplauso da gratidão pela forma
como se bateram. Alguém tem de perder, mas a forma como se perde alivia a
tristeza.
A ITÁLIA foi digna dos seus
pergaminhos, entrou fragilizada no torneio, mas como é seu timbre, agiganta-se e
brilha entre as melhores. Tremeu nos penalties, esteve em desvantagem, mas tem o
melhor guarda-redes do mundo e este foi decisivo.
Restam 4, a dona da Europa do euro e as
3 cujas economias estão em crash. A Espanha e a Alemanha são as favoritas pelo
que têm demonstrado, mas não há vencedores antecipados e até é possível uma
final Portugal-Itália.
O Europeu a 3 jogos do seu final,
demonstrou que no que diz respeito a futebol, o continente continua a ser a
capital do mundo, sem que a crise afecte os artistas e os técnicos. Grande
espectáculo de cor num tempo muito cinzento nos países que mais contribuem para
o esplendor da modalidade.
SENHOR ERRO COLOSSAL
O défice sextuplicou o de 2011. Passou
de 194 milhões até Maio de 2011 para 1.238 até Maio de 2012. Onde está o erro
colossal?
As receitas fiscais caíram 3.5 %,
conforme os seguintes exemplos: IVA previsto um crescimento de 10.6 % a realidade
foi uma quebra de 2.8 % (um erro de previsão de 18 % !!!); imposto automóvel
ISV previsto pelas Finanças: uma quebra de 15.3 %, a realidade: - 48 %!!!.
Nos outros impostos, com excepção do
IRS (óbvio…), o “environment” é o mesmo…
Moral da história, o Dr. Gaspar
esqueceu-se de prever a recessão e agora deita as mãos à cabeça, perplexo com o
buraco orçamental que a seguir o quadro dos 5 primeiros meses chegará aos
2.200. milhões de euros!!!. A austeridade serviu para agravar ainda mais o défice
do Estado. Apesar da diminuição de algumas despesas, particularmente as que
incidiram nos gastos com pessoal (óbvio…), o aumento dos juros e o descalabro
do IVA que constitui mais de 40 % da receita de impostos do Estado, prefiguram um quadro devastador.
A execução orçamental torna evidente o
que se sabia: ou a Troika aprova um défice superior ao estimado ou zás, mais
austeridade num ciclo sem fim.
O Dr. Gaspar monetarista convicto,
irrompe sobre as finanças esquecendo que a Economia é que lhe pode sustentar a
estratégia possível. Sem empresas a operar que exportem ou substituam importações, sem
produção agrícola e industrial que criem riqueza objectiva na produção de bens
transaccionáveis, sem sistema bancário a apoiar o investimento, o que resulta
são menos impostos arrecadados e mais subsídios de desemprego, ou seja: aumento
de défice e empobrecimento económico.
É elementar e o ministro parece como que
surpreendido, com o ar que quem tem feito tudo para cortar, mas a receita não está
a ajudar…como se uma coisa fosse dissociável da outra, como se a despesa
pudesse diminuir e a receita não se ajustasse à perda de rendimento dos
consumidores privados.
Ora bolas Dr. Gaspar, afinal o senhor
não é o pai do erro colossal, o senhor ministro é mesmo o erro colossal…
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