A PONTE DOS SUSPIROS
O vídeo que
foi partilhado no Facebook e redes sociais é devastador. Tem apenas 22 segundos
de duração, mas é uma eternidade para quem o veja. A ponte Simon Bolívar separa
a Venezuela da Colômbia e é palco do êxodo de centenas de milhares de
venezuelanos, que procuram escapar à morte pela fome e falta de medicamentos.
As imagens deixam-nos perplexos e agoniados, ao ver um mar de gente num crematório sem câmaras de gás, com crianças e velhos numa marcha que faz pensar que se Deus existe, esqueceu-se daquela gente ou abandonou-os.
Não me interessa o quadro político, se são comunistas, socialistas, liberais ou lá o que sejam os regimes, o que interessa é que são tão impotentes como nós, para acudirem a um drama que não vem da Natureza, não vem de um vulcão, ou de um tsunami, tem origem na nossa espécie.
Enquanto muitos enchem campos de futebol e concertos, aqueles enchem uma ponte na esperança de escaparem à morte anunciada. Milhares morrem na tentativa. O mundo dito civilizado, faz como Pilatos, lava as mãos perante a desgraça.
Nós temos pena e ficamo-nos por aí, somos espectadores como se de uma série se trate, mas não é, trata-se de um filme real em que os actores podíamos ser nós.
A humanidade ainda está na Idade da Pedra, quando se assiste a um quadro de que nem Dante se lembrou para a sua visão do Inferno, mas isso já foi há 500 anos. Isto passa-se no Séc. XXI, com a tecnologia a investir na vida eterna.
Como disse Schopenhauer “o destino baralha as cartas, e nós jogamos”.
jg/ago/18
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