PROFESSOR CAFÔ E A ARTE DE INSULTAR

                             O MADRAÇO E O CAGÃO
                                  por: Professor Cafô

Têm sido inúmeras as cartas, e-mails e até telegramas que tenho recebido de todo o mundo, repudiando a censura de que os meus artigos têm sido alvo, pedindo-me encarecidamente que não pare de os escrever. E eu não vou parar mesmo.Claro que fiquei profundamente sensibilizado e comovido com a dimensão de tamanha campanha de solidariedade, destacando-se a música que me foi dedicada por um grande admirador e amigo de nome Joaquim Barreiros, intitulada simplesmente “ho dasse” cujo link lhe anexo e que acho ser digna de a vermos incluída na vossa selecção discográfica.

                                                   
                         

Trata-se de um clássico com um poema brilhante, aonde a censura dos ignorantes não tem lugar . Este tema confidenciou-me o meu bom amigo Kikas, foi inspirado enquanto lia o famoso artigo publicado – “vai-te …Poder"
Passemos então a dois dos insultos que seleccionei para esta semana – o madraço e o cagão –
                             
                                                                                       O Madraço

O madraço é o calão , o preguiçoso, o malandrim.
Insulto preconceituoso, diga-se desde já como outros insultos que por aqui se encontram. Existem duas possibilidades  para a origem deste insulto. Por um lado poderá provir do árabe madrath, designação para colchão ou tapete aonde se descansa.
Por outro lado poderá remeter para as escolas corânicas, as madrassas, associando assim os seus frequentadores a calões e a malandros.
De qualquer modo, será sempre um preconceito.
E para descongestionar de todos estes preconceitos linguísticos, aqui fica um miminho da cultura popular portuguesa:
“Boda em Março é coisa de madraço”.

                                                                                        O Cagão

É entre nós, o vaidoso, o presunçoso. Curiosamente o termo tem uma origem bizarra, pois noutras línguas ibéricas o cagão é o medroso.
O que é natural , pois de acordo com uma visão mitológica e escatológica, o medricas tende a borrar-se num momento de aperto.
Todavia em português o termo português degenerou em vaidoso. Ou talvez não seja assim tão estranho se se pensar que qualquer bom presunçoso encerra em si mesmo um cobardolas prestes a revelar-se.
E a borrar-se....

 E assim termino, certo de que vão ser muitos os leitores que se vão interrogar se se identificam mais com os madraços ou então com os cagões.
  


“Od hasse” .    

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