SEGURO CONVENCIDO


A CARTA

                                                         A CARTA

A vida tem momentos que nos faz desconfiar com a legitimidade que nos assiste, sobre o comando Superior que aplica desígnios que a razão humana desconhece. São os momentos em que algo acontece que traz a reboque a injustiça e o castigo a quem não o merece. Dissociar o corpo da alma, é tentar justificar o sofrimento físico com o futuro bem-estar do espírito, uma espécie de adiantamento que se paga na terra para usufruir no Paraíso. Para um não crente não passa de um engodo e de uma treta sem sentido - finito a massa, finito tudo-, para o que tem fé, ajuda a suportar a dor que sendo uma inexplicável punição, tem como razão última, a conquista da boa eternidade.
Neste insondável dilema, nunca resolvido mas muito discutido, vamos todos vivendo e morrendo nas condições que fazem mais lembrar um sorteio aleatório, do que o resultado de uma estratégia de Deus.

Justificar a realidade incompreensível com a Justiça Divina, deixa campo aberto para o todo tipo de infortúnios, desvarios, loucuras e especulações. Quando o imprevisto acontece, para o Bem e para o Mal, lá está Deus para assumir a autoria. Se for bom é milagre, se for mau, é bom na mesma, pois trata-se de ocorrências por razões que a razão desconhece.
Auditar esta quadratura do círculo é humanamente impossível, fica a fé de cada um para acreditar no que achar melhor. Os que mais sabem sobre o tema, sejam religiosos ou videntes, pouco acrescentam ao meio da prova. Não há condenações nem absolvições, pois ninguém prova que tem razão. Cada um lê os indícios conforme a sua educação, cultura crença.
Não é sacrilégio reflectir sobre o tema, mesmo para os que acreditam na existência Superior. Sempre que me deparo com um amigo com uma vida dedicada a ajudar a vida dos outros, que fez de modo de vida a luta pela sobrevivência e qualidade de vida dos semelhantes, que é vítima de um erro do destino, ou daquilo que se lhe queira chamar, a minha dúvida dispara. Deus não tem nada a ver com isso, é impossível, ou então os opostos tocam-se: Deus ou o Diabo?
É o jogo, é o baralho, é a carta que sai sem a pedirmos. É o Tarot sem previsões, é a carta que nos toca sem desígnio pré-marcado, é a que sai aleatoriamente, mas inexorável. É o acaso, que a Genética vai ajudando a desmistificar. Muito do que nos vai acontecendo já vem detrás, como se tivéssemos a ver com isso, seja na inteligência, na saúde e na doença.
Cada vez mais tenho mais dúvidas.
JG SET 2014