VÍTOR GASPAR «ENTREVISTA»


O JULIUS aproveitou a presença em Tóquio do ministro Vítor Gaspar e aproveitamos o ensejo para lhe fazermos uma curta entrevista.
Enquanto desfrutava de umas fatias de sashimi de salmão, regadas com ice-tea de limão, acedeu a dar-nos alguns minutos. De imediato pegou da pasta a agenda de 35 linhas e a bic esfera fina.
J- Sr. ministro porquê essa saga persecutória com a classe média?
VG- Percebi a sua pergunta de que tomei nota e agradeço a pertinência da mesma. Ora bem, não se trata da saca piscatória, conforme referiu. O que importa perceber é que estamos a fazer tudo para que os mercados nos recebam de braços abertos em 2050, pelo menos. Naturalmente isso só é possível com a participação voluntária do melhor povo do mundo e em particular da classe média, que nos tem dado todo o apoio às medidas que temos anunciado.
J- Apoio? O país está indignado e em polvorosa. As manifestações  sucedem-se e as sondagens são unânimes na descida do PSD…
VG- Tomei a devida nota dessa declaração, que também agradeço pela simpatia das suas palavras. Acho contudo que a sua interpretação é um pouco especulativa, perdoe-me a ousadia, o país reage com emoção a mais uma chamada do interesse internacional. Os nossos credores estão em dificuldades e pediram-nos antecipação de pagamentos, para financiarem a Espanha, que como sabe atravessa um momento delicado e por isso está a pagar melhores juros que Portugal. Nós entendemos que devemos fazer esse sacrifício e o país acedeu com grande energia. O aumento enorme dos impostos, foi recebido com grande alegria e segundo sei,  até os artistas não quiseram ficar de fora e deram concertos gratuitos em muitas cidades de Portugal.
J- Não se trata de alegria Sr. ministro é de protesto…mas o que pensa das opiniões discordantes à sua política, particularmente de individualidades dos partidos da coligação, como o Dr. Catroga, Manuela Leite, Marcelo Sousa, Bagão Félix, etc.?
VG- Muito obrigado pela sua questão, que demorei mais um pouco a escrever, porque referiu muitos nomes e nem todos fáceis de escrever. Já agora, Catroga é com C ou K?
J- Com C  Sr, ministro!!!
VG- Deixe-me rectificar. Ora bem voltando à excelente pergunta que me colocou, o que eu penso nessa matéria é irrelevante, porque o que importa não é quem pensa, mas quem faz. Como sabe eu penso pouco, mas faço muito…
Gaspar chama o empregado e pede um hot-sushi, mas em mandarim, o empregado japonês diz que não sabe chinês e ele mostra a tradução automática no IPAD.
VG- Desculpe a interrupção, mas dizia eu, olhe escapou-me…estávamos a falar de quê?
J- Sr. ministro e a TSU?
VG- Sun Tzu? A sua pergunta é fantástica e apresento-lhe a minha admiração, Sun Tzu escreveu “A Arte da Guerra”. É um escritor e não uma escritora daí o TZU.  As qualidades mais marcantes do general Sun Tzu são o segredo, a dissimulação e a surpresa. Como vê tudo aquilo que tem sido a vida do ministro das Finanças,
J-TÊ ESSE U…Sr. ministro….Taxa social única…
VG- Mais uma vez mostra estar atento à realidade mundial e não posso deixar de elogiar a sua pergunta muito arguta e bem formulada. Tomei nota e ao lê-la novamente só lhe posso dizer em jeito um pouco confidencial, que não vai haver alterações. Pelo menos até á hora do almoço, era assim que estava decidido.
J- O Dr. Portas tem sido seu adversário no seio do Governo?
VG- Muito obrigado pela questão. O Governo não tem adversários quanto aos seios. É matéria do foro íntimo de cada um.
J-Para terminar. Dr. Gaspar o ano de 2013 vai ser uma catástrofe para a economia?
VG- Muito bem posta a questão. Deixe-me rever…ora bem se vai ser uma catástrofe para a economia. Penso que não sei responder, mas segundo os modelos que fiz no Excel, poderá ocorrer um ligeiro abrandamento no consumo privado, mas a redução dos salários pela via dos impostos, vai com certeza agravar mais a contracção. Se virmos que o consumo não baixa tanto como a projecção, corrigimos no 1º trimestre e está prevista uma taxa adicional sobre toda a gente. Os mercados é isso que esperam e pensamos regressar em força já em 2050.

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